Relatórios Bobológicos

O Encantamento do São Judas

09 de Setembro | 2024

Era uma dessas tardes tranquilas no Hospital São Judas Tadeu, onde a serenidade parecia reinar, e eu, Dr. Balako, acompanhava meu inseparável colega, Dr. Baltazar, em busca de um refresco no bebedouro do corredor.

Nos aproximamos do bebedouro e, após um brinde com nossos copos d’água, decidimos puxar conversa com duas acompanhantes que estavam ali, Rosa e Maria, conversando com tranquilidade e um certo ar de calma.

“À água que refresca e ao calor que não cessa e faz suar uma gota até na cueca!” brindei. “Água fresca e molhada, aceita?”

Rosa, com um sorriso gentil, agradeceu e respondeu que estava bem por ora: “Gracias, pero estoy bien por ahora.”

Foi então que, ao tentar mostrar um pouco da minha flexibilidade – ou melhor, a falta dela – com um movimento um tanto desajeitado, descobri que Rosa era professora de ioga. A revelação foi como uma chave que abriu uma porta de novas possibilidades. Eu e Baltazar, encantados e um tanto constrangidos, ouvimos com atenção as dicas que ela nos ofereceu para melhorar nossa postura. O resultado foi um pouco vergonhoso, comigo tentando seguir suas instruções e parecendo mais um robô enferrujado do que um praticante de ioga. Mas Rosa, com uma paciência digna de um santo, continuou a nos instruir.

Não querendo deixar o momento esfriar e vendo que a ioga não era nossa praia, decidimos transformar o corredor do hospital em nosso palco improvisado de dança. A revelação de que Rosa era argentina acendeu uma faísca de inspiração em nós. Baltazar, com um brilho nos olhos e uma atitude de desafio, declarou:

“Vamos fazer deste corredor o nosso salão de dança! Prepare-se para ver o que sabemos fazer!”

Puxamos uma enfermeira para a pista e começamos a dança. Os passos eram desengonçados e exagerados, mas a energia estava lá. A risada da enfermeira e o aplauso dos que passavam pelos corredores tornaram o foco dos nossos movimentos precisamente desengonçados. Terminamos com um grande aplauso e um “bravo!” que fez o corredor inteiro parecer uma pequena festa.

Finalmente, fomos visitar Rosa na varanda do quarto de internação, onde ela estava conversando com sua irmã, Flor. Ao lado delas, estava um mamão decorado com um rosto humano, sentado em uma cadeira e ouvindo atentamente. Era uma cena que parecia saída de um conto de fadas.

Flor apresentou o mamão com carinho: “Este es nuestro querido papaya, un ouvinte excepcional.”
Rosa completou, com um sorriso sereno: “Es una compañía maravillosa. Siempre dispuesto a escuchar, sin juzgar.”

Curioso, comecei a conversar com o mamão. “Você já teve alguma vez um encontro com uma banana ou uma maçã que te deixou de boca aberta?”

Baltazar, perguntou: “Qual é o segredo desse teu sorriso tão jovial? É um tratamento de beleza feito com água do rio?”

Após uma breve reflexão, declarei: “Após cuidadosa análise, declaro que este mamão é o melhor ouvinte que se pode encontrar, dentro e fora do pomar, digno das mais altas honras do reino frutal.”

Hospital São Judas Tadeu
Dr. Balako

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