O Baião do Riso

02 de Maio | 2024

Era quarta-feira. A roupa toda colorida dos palhaços foi parcialmente coberta por uma roupa elegante de cor azul, combinando com todos ali naquele espaço. Acho que seguem a mesma moda: pacientes, acompanhantes, enfermeiras, copeiras, até os palhaços… Ops, Doutores Bobologistas!
Entre uma fofoca e outra da chuva de informações que pegamos antes de entrar nos quartos, ficamos sabendo que a mãe de uma criança parecia brava…

TOC TOC, a porta abriu, a mãe estava enroladinha na coberta e a criança na cama olhando para a gente com os olhos fixos. Com a sanfona nas mãos, o Dr. Balako tocou a sua música autoral de composição própria, escrita por ele mesmo e conhecida por todas as pessoas. Mesmo sem ele cantarolar a letra dizem que conhecem por “Asa Branca”.

O baião se alastrou pelo quarto e eu, Dra. Ricota, comecei a dançar. Pausa. O Dr. Balako não estava tocando para mim, então, falei que não dançaria de novo. Entre música – pausas – e dança, o riso do menininho e da mãe foi crescendo. Eu tentei ficar sem dançar ao som do baião, foi difícil controlar o corpo, fiquei tremendo como uma fritadeira borbulhando com o som reverberando por todo o meu corpo. A mãe não era brava quanto as enfermeiras acharam, o segredo era tocar uma música.

Obs.: Luiz Gonzaga, acho que todos sabem que a música é sua, menos o Dr. Balako. Prometo que um dia eu conto para ele que foi você que escreveu.

Dra. Ricota
Hospital de Amor – Unidade Infantojuvenil