Notas de Amor: Artista Marcelo Marcon, o Palhaço Mingal, faz um relato sobre o impacto da pandemia na arte do palhaço

24 de Junho | 2021 Escrito por Dr. Mingal

Às vezes, não paramos para pensar em como muitas pessoas que trabalham levando alegria e diversão se sente em relação às dificuldades da rotina, principalmente em um momento tão delicado e desafiador como este.

Agora, compartilhamos com você um relato necessário, importante e sensível do artista Marcelo Marcon, coordenador artístico do Projeto “Palhaços da Alegria” do Instituto Sociocultural do Hospital de Amor, em que ele conta sobre como foi o impacto que a pandemia causou na arte do palhaço, na forma de atuarem dentro dos hospitais e o que precisaram mudar para que a alegria continuasse sendo levada aos pacientes, acompanhantes e colaboradores.

Leia a íntegra abaixo:

“Estamos há mais de um ano vivendo nessa incerteza e fragilidade por conta da pandemia. Muitos setores e profissões precisaram ser ressignificados, passando por uma adaptação ou reestruturação, e acreditem: no trabalho dos Palhaços da Alegria não foi diferente.

Desde o começo da pandemia, meu único pensamento consistia em entender o que estávamos vivendo e como manter o trabalho dos palhaços dentro do hospital. Naquele cenário de completa instabilidade, a realidade de muitos grupos de palhaços que atuavam nos hospitais em todo território nacional era de suspensão de suas atividades presenciais.

Vivenciando a rotina da equipe de profissionais do Hospital de Amor, pude entender que era necessário criar normas e padrões de atendimento para o trabalho realizado pelos besteirologistas, com a intenção de continuar as visitas presenciais e garantir uma ótima assistência dentro das restrições pandêmicas.

No dia a dia vivenciamos a vulnerabilidade, não só dos pacientes, mas também de toda equipe multidisciplinar por conta da sobrecarga emocional a qual estão submetidos. Por esse motivo, investimos mais tempo nos postos de enfermagem e estações de trabalho, com objetivo de amenizar a tensão e, através da nossa intervenção, promover saúde emocional para a equipe.

Foi nesse caos que aprendemos que nosso trabalho transcende a proposta de fazer rir, que o valor da palavra “humanizar” faz todo sentido, e o conceito de “ressignificar” está em consolar uma mãe que perdeu seu filho para o câncer e não pode ser confortada com um forte abraço.”

Marcelo Marcon (Palhaço Mingal)
Coordenador artístico do Projeto “Palhaços da Alegria”.