Relatórios Bobológicos
Missão especial: Um dia de férias no meio do trabalho
Espirrei e o mês de março passou. E ele se foi fechando o verão, como já dizia meu velho amigo Tonzin.
Quem?
Ah, Tom Jobim, desculpe é que os mais chegados o chamam assim.
As águas de março fecharam o verão, mas o calor ficou aqui em Barretão. E além do calorão, ficaram também muitas lembranças de encontros marcantes no Hospital de Amor, como: uma emocionante corrida de fórmula 1 que alcançava a incrível marca de -200 km por hora nos corredores dos Hospital de Amor infantojuvenil; quando transformamos a sala de espera do Hospital São Judas em uma grande sala de espetáculo, onde o acompanhante de um paciente realizou seu grande concerto musical, contando com nossa incrível participação especial. Mas especial mesmo foi um chamado de última hora que recebemos.
Depois de um dia de atendimento no Hospital de Amor, quando a Dra. Ciska e eu estávamos prestes a encerrar o expediente, toca o palhaçofone.
– Comando central para Ciska e Ossildo! Temos uma situação de emergência! Uma paciente necessita urgentemente de um atendimento.
Essa paciente estava internada em uma UTI que estava com acesso restrito devido às precauções infectológicas. Agora falei bonito, né não?
Partimos então ao encontro dessa paciente que estava um tanto triste e chorosa.
– Para vocês entrarem nessa UTI precisam de capote. Disse a enfermeira.
– Tá tranquilo, vivo capotando por aí. Respondi.
– Não é esse tipo de capote. É este EPI aqui. Mostrando um jaleco e uma máscara especial para ambientes com risco de contaminação.
Encapotados entramos e lá havia outros pacientes. Entre eles, um senhor muito simpático que até então parecia estar dormindo. E as enfermeiras querendo aproveitar nossa presença, foi até ele e disseram: Acorda Sr. Fulano! Acorda! E ele abriu os olhos. Eu eficiente que sou, corri até eles dizendo:
– Calma gente. Tá aqui ô!
– O que? Perguntaram.
– A corda. Mostrando a corda que carrego comigo.
(Segurança em primeiro lugar né, gente. Vai que bate uma corrente de ar e preciso me amarrar em algum lugar para não ser arrastado por ela.
O senhor nessa hora deu uma gargalhada das boas. Não entendi direito. Eu tentando ajudar e as pessoas rindo da minha cara.
Agora sim, entramos no quarto onde iriamos realizar nossa missão especial. E a paciente estava lá…chorosa. Também não aguentei. Cai a chorar de soluçar:
– Por que você está chorando Ossildo? Perguntou Ciska.
Parando de chorar instantaneamente eu respondi:
– Não sei, foi ela que começou.
Ciska completou:
– Se vocês chorarem assim, isso aqui vai virar um verdadeiro mar.
Mar? Opa que maravilha, então é férias!! Vamô pra praia!
Então a choradeira deu lugar à imaginação e logo aquela UTI isolada se transformou em uma ilha deserta paradisíaca com um imenso mar. E sendo ele de lágrimas, não é que estava salgadinho igual ao mar de verdade?!
E nessas férias repentinas do cotidiano, a paciente, agora sorridente, tranquila e confortável em sua cadeira de praia, tomava o seu banho de sol enquanto a Ciska fazia o que faz de melhor… ciscava. Ciscava para lá e pra cá, afinal agora ela era um estranho caranguejo. E bota estranho nisso.
E eu? Bom, com toda minha beleza e musculatura é claro que me transformei em um belo e maravilhoso… coqueiro de praia. Cumprido, fino e cara-de-pau.
Dr. Ossildo
Hospital de Amor
Doações
O Hospital de Amor (atual nome do Hospital de Câncer de Barretos) recebe pacientes de todos os estados do Brasil, oferecendo atendimento 100% gratuito. A instituição conta com profissionais altamente qualificados e realiza um importante trabalho para aumentar os índices de cura e sobrevida. Porém, nada disso seria possível sem o apoio dos diversos segmentos da sociedade, como pessoas físicas e empresas.