Relatórios Bobológicos
Dia “Normal”
04 de Outubro | 2021 Escrito por Dr. CLaudiu’s Dulatin
Em mais um dia “Normal” de trabalho Besteirológico com os pacientes oncológicos adultos do Hospital de Amor. Vínhamos andando pelo corredor que dá acesso ao setor de endoscopia, falando algumas besteiras corriqueiras, passamos por uma sequência de cadeiras onde se encontravam acompanhantes adultos, de pacientes adultos, que se tratam nesse hospital para adultos, até que, bem na entrada do setor, ao atravessamos a porta de entrada, bem no primeiro leito nos deparamos com uma criança, sim uma criança, bem ali naquele hospital de adultos. Ela estava sentada em seu leito, abraçada a sua mãe e com lagrimas nos olhos, naquele ambiente extremamente assustador para uma criança, pois ao seu lado tinha alguns outros leitos enfileirados lado a lado, como estacionamento de Shopping com pacientes adultos deitados, sob efeito do preparo para o exame de endoscopia.
Cruzamos nosso olhar com o dela e fomos convocados por aquele olhar e prontamente iniciamos nosso atendimento, extraindo miolos moles, apertando parafusos, fazendo ensaios fotográficos e tudo o mais que nosso repertório podia, as lagrimas foram cessando aos poucos, deixou o colo de sua mãe de lado, virou o tronco para nós e já estava bem mais receptiva do que a minutos atrás quando adentramos ao setor, até que uma maca com um paciente desacordado foi retirada de sua vaga como quando um carro manobra para sair, ela estatelou os olhos assustada e perguntou para a mãe para onde aquele adulto estava sendo levado, meu parceiro e eu nos olhamos rapidamente e tomei a frente para dizer para a criança que aquele paciente adulto que tinha acabado de ser levado, lá pra dentro pois era um caso muito grave que nós estávamos atendendo, ele tinha chulé encravado e que estava desmaiado pois cheirou seu próprio pé e precisávamos ir até ele para fazer essa extração do chulé se não ia contaminar todo o ambiente que estávamos.
Eu tire do meu bolso dois olhinhos de brinquedo que sempre levo comigo, encaixei na maçaneta da porta do banheiro que agora aparentava ter um rosto, igual aos objetos do filme a Bela e a Fera na cena do jantar, mas no nosso caso não tínhamos um banquete era só aporta do banheiro mesmo. Avisei a que a partir de agora aquela Maçaneta se tornara minha assistente e ficaria de olhos bem grudados nela e em sua mãe até que eu votasse da cirúrgica chulésistica.
Meu parceiro e eu adentramos o setor, nos aparamentamos com roupas ante fedo, luvas resistentes ao chorume que saia do chulé de nosso paciente, usamos todos ao aparatos que tínhamos a nossa disposição e depois de uma longa cirurgia conseguimos remover aquele chulé encravado. Na volta nos encontramos novamente com a criança que agora já estava sendo solicitada para fazer seu exame, eu perguntei para minha assistente Maçaneta se ela tinha se comportado e liberei ela para seu exame, nos despedimos, recolhi minha assistente ao meu bolso, juntamente com o chulé encravado que extraímos e saímos corredor a fora em mais um dia “Normal” de trabalho Besteirológico.
Doações
O Hospital de Amor (atual nome do Hospital de Câncer de Barretos) recebe pacientes de todos os estados do Brasil, oferecendo atendimento 100% gratuito. A instituição conta com profissionais altamente qualificados e realiza um importante trabalho para aumentar os índices de cura e sobrevida. Porém, nada disso seria possível sem o apoio dos diversos segmentos da sociedade, como pessoas físicas e empresas.