Nascido em 1958 e com mais de 80 obras publicadas, Augusto Cury se tornou o psiquiatra mais lido do mundo, com tradução para mais de 70 países e mais de 35 milhões de livros vendidos. No Brasil, nas últimas duas décadas, ele foi o escritor mais lido. Ao longo dos seus 30 anos de carreira, ele conquistou o prêmio de Melhor Ficção do Ano de 2009 pela da Academia Chinesa de Literatura, pela obra ‘O Vendedor de Sonhos’. Outro sucesso de Cury foi se tornar Membro de Honra da Academia de Gênios do Instituto Europeu de Inteligência.

Em 2015, o psiquiatra, escritor e pesquisador fundou a ‘Escola de Inteligência’, considerado o maior programa socioemocional para crianças. A instituição tem o objetivo de explicar o funcionamento da mente humana e as formas para exercer maior domínio sobre a vida, por meio da inteligência e do pensamento. Cury também criou a Academia de Gestão da Emoção (AGE) para ensinar a teoria e as técnicas de gestão da inteligência emocional, baseados em suas poderosas ferramentas. Além disso, idealizou o primeiro programa social e gratuito: Você é Insubstituível – Uma Vacina Emocional contra o Suicídio.

Augusto Cury no ‘Cuidando de Quem Cuida’.

Com esta bagagem de experiências e ensinamentos, na última terça-feira do mês de abril (30/4), a sede do Hospital de Amor, em Barretos (SP), teve o prazer de recebê-lo para o evento ‘Cuidando de Quem Cuida’, com uma palestra que trouxe como tema “o fim da inteligência emocional e o início da gestão de emoções”.

Antes de iniciar sua verdadeira aula, ele trouxe uma reflexão importante sobre o tema durante a gravação do programa ‘Acima de Tudo o Amor’, apresentado pelo presidente da instituição, Henrique Prata. “A emoção é inteligente? A emoção é autoconsciente? A emoção pode ser autogerida? E a resposta é não. A emoção não é inteligente, autoconsciente e nem autogerida. Se as pessoas só tivessem emoções, elas não saberiam quem elas são, onde elas estão e quais os seus papeis sociais. As pessoas seriam completamente inconscientes porque ela não produz cadeias de pensamento para financiar a consciência e a intelectualidade. Por isso eu digo que não existe inteligência emocional, mas sim, gestão da emoção, por isso a palestra: fim da inteligência emocional e o começo da gestão da emoção.”

Bastidores do programa ‘Acima de Tudo o Amor’. Na foto, o presidente do Hospital de Amor, Henrique Prata e Augusto Cury

O evento teve cerca de uma hora e após ministrar este bate-papo com os colaboradores do HA, ele deu uma entrevista exclusiva para o Instituto Sociocultural do Hospital de Amor e respondeu algumas questões:

Para as pessoas que possuem um alto nível de ansiedade e não conseguem ter um controle dessas emoções, qual conselho o senhor daria?

“Uma das técnicas é fazer a gestão da emoção duvidando, criticando e determinando. Duvidando de tudo aquilo que controla; criticando ideias perturbadoras e decidindo e determinando não ser vitimista das críticas, das rejeições e dos problemas, sendo assim, o autor da própria história.

Outra técnica é saber que a sua paz e a sua saúde emocional são inegociáveis e por nada, por ninguém, por nenhuma crítica, rejeição, exclusão, mesmo que completamente cruel, você possa vendê-la”.

Para as pessoas que sentem que perdeu o sentido da vida e não consegue encontrar o seu ‘eu’, qual caminho elas devem procurar para começar a ter controle emocional?

“Não há céus sem tempestade, não há caminho sem acidentes e a vida é um contrato de risco.
soas entram em vales de uma depressão ou de uma ansiedade com sintomas psicossomáticos. Então, elas devem procurar ajuda de um profissional (psicólogo e psiquiatra), mas também devem entender que se o ‘eu’ não é equipado para ser protagonista da própria história, elas acabam sendo escravas das rejeições, das ofensas, da perda, do sofrimento pelo futuro ou das mágoas que sofreram.

Então, o ‘eu’ tem que estar consciente de que ele é o protagonista e que tem a capacidade de escolha, sabendo que todas as escolhas têm perdas. Você não pode ganhar ou conquistar o essencial sem perder o trivial.

Por fim, se as pessoas viajam para dentro de si mesmas para ganhar o essencial, elas terão consciência de que podem, todos os dias, desacelerar a mente; contemplar o belo; namorar a vida; abraçar mais e julgar menos a si próprio e aos outros.

Com isso, pouco a pouco, a pessoa vai deixando a condição de ser telespectador passivo na plateia e assumi a sua posição como ator ou atriz principal do palco”.

Durante a palestra de Augusto Cury, um animal cujo a representação é de inteligência e sabedoria, voou e pousou em cima da estrutura metálica no palco. O fato curioso chamou a atenção de alguns participantes do evento e com isso, houve o interesse na seguinte pergunta:

Um fato curioso: não sei se o senhor percebeu, mas tinha uma coruja no palco, durante a sua palestra. O significado dela é sabedoria e inteligência. O senhor acredita nisso, que o animal tenha sido um bom sinal para a sua palestra?

Após um momento de risadas amigáveis e agradáveis, a resposta veio: “A sabedoria está nas pessoas que aprendem a esvaziar o seu ego para trabalhar perdas e frustrações; para gerenciar o estresse; para se colocar no lugar do outro e perceber as lágrimas que eles não choraram e os desafios que, as vezes, não verbalizaram.

A sabedoria é construída e nós estamos na era de pessoas não sábias. Nós estamos na era de pessoas imediatistas, cartesianas e racionalistas e nós precisamos ir de encontro a sabedoria construída”.

Por fim, cada um acredita em uma teoria e não é possível garantir que a coruja estava lá como um significado lúdico, mas é plausível afirmar que os colaboradores do Hospital de Amor saíram da palestra diferentes de como chegaram. Deixaram o local com a sensação de leveza, espiritualidade preenchida e, com certeza, com grandes aprendizados sobre saúde mental e controle de emoções.

Esta edição do ‘Cuidando de Quem Cuida’ teve mais de 1.200 inscrições e foi viabilizado pelo Ministério da Cultura, por meio do PRONAC (Lei Rouanet). Durante o evento, também teve uma intérprete de libras.

“Ser feliz não é ter uma vida perfeita. Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Usar as perdas para refinar a paciência. Usar as falhas para esculpir a serenidade. Usar a dor para lapidar o prazer e usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.” – Augusto Cury