O Encontro Inusitado com o Sr. Nico

09 de Setembro | 2024

Ah, o tempo voa! Já se passaram cinco meses desde que cheguei aqui no Hospital São Judas e os dias por aqui tem sido de muitas aventuras, nesse lugar de tantas idas e vindas, de encontros, risos, choros, músicas, conversas, fofocas, enfim de tantas histórias.

Por falar em histórias, agora estou com meu novo parceiro de trabalho e bobices, o Dr. Balako do Balakubako Ú, mestre em contar histórias absurdas.

Em um desses dias nada comum de trabalho, enquanto filosofávamos sobre a eterna pergunta: “Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?” – porque uma mente criativa não descansa – chegamos à porta de um quarto e, ao pedir permissão para entrar, descobrimos que o paciente estava em um sono profundo. No entanto, as duas irmãs do paciente estavam bem acordadas e, para nossa surpresa, nos convidaram a entrar.

As irmãs, que pareciam ter saído diretamente de um tango argentino, não falavam português. Mas como somos verdadeiros trogloditas digo, poliglotas, usamos nosso espanhol impecável (de três a quatro palavras no máximo) para nos comunicarmos com elas.

– Hola, como estas?

– Estamos bien. Estamos almorzando con nuestro amigo, el señor Nico.

Com curiosidade aguçada, fomos até a cadeira onde, para nossa surpresa, encontramos o Sr. Nico. Lá estava ele, todo amarelado com sua coroa verde (que mais parecia um rei tropical). Sim, o Sr. Nico era um abacaxi. Não pudemos resistir e cumprimentamos o Sr. Nico com um entusiasmo digno de um grande encontro.

As irmãs nos contaram que o Sr. Nico era um amigo especial e que uma de suas maiores qualidades era ser um excelente ouvinte. Imediatamente, decidimos fazer um upgrade no visual do Sr. Nico, colocando um par de óculos e um lenço – afinal, um abacaxi não precisa apenas ser um bom ouvinte, também precisa ter estilo! O Sr. Nico, com sua paciência tropical, nos ouviu atentamente e até posou para uma foto conosco, com um ar de quem estava vivendo o auge de sua carreira.

Após nos despedirmos das irmãs e do Sr. Nico, continuamos nossa caminhada filosófica pelo hospital, refletindo sobre as experiências do dia. Às vezes, o que realmente precisamos é apenas de alguém que nos ouça – seja um Sr. Abacaxi, uma Dona Pera ou até um Sr. Mamão. Afinal, a amizade e a empatia não têm fronteiras e podem aparecer de maneiras tão inesperadas quanto um abacaxi estiloso.

E assim, com corações leves e um novo amigo em forma de fruta, seguimos para novas aventuras.

Dr. Baltazar
Hospital São Judas Tadeu